Doenças de pele aumentam no inverno e alertam para riscos negligenciados
Clima seco, banhos quentes e baixa umidade agravam quadro dermatológico da população
Com a queda das temperaturas e a redução da umidade relativa do ar, casos de doenças de pele como dermatites, psoríase, micoses e ressecamento têm registrado aumento significativo em diversas regiões do país. Especialistas atribuem o crescimento à combinação entre clima frio, banhos quentes e hábitos que comprometem a integridade da barreira cutânea.
A pele, maior órgão do corpo humano, atua como proteção contra agentes externos. No entanto, durante o inverno, fatores ambientais e comportamentais reduzem a produção natural de oleosidade, o que deixa a superfície cutânea mais vulnerável a fissuras, inflamações e infecções.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), esse cenário pode favorecer o aparecimento ou agravamento de doenças crônicas e infecciosas. “Muitas pessoas negligenciam a saúde da pele nos meses frios, o que pode levar a complicações sérias, especialmente em populações vulneráveis como idosos, crianças e pessoas com histórico de alergias”, afirma a entidade.
Medidas de prevenção são essenciais. Dermatologistas recomendam a hidratação diária da pele, especialmente logo após o banho, e a substituição de banhos muito quentes e demorados por lavagens rápidas com água morna. Também é indicado o uso de roupas de algodão e a secagem completa do corpo — especialmente entre os dedos dos pés e áreas de dobras — para evitar a proliferação de fungos causadores de micoses.
Outro alerta refere-se ao câncer de pele, cuja incidência independe da estação. Ainda que a exposição solar seja menor no inverno, os riscos permanecem. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pele é o tipo mais comum em todo o mundo. No Brasil, representa cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos, com destaque para o carcinoma basocelular e o melanoma, o mais agressivo.
A recomendação médica é clara: sinais como pintas que mudam de cor ou formato, manchas que coçam ou feridas que não cicatrizam devem ser avaliados por um especialista. A detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
Em termos globais, o aumento de doenças dermatológicas sazonais é uma preocupação recorrente em países de clima temperado ou subtropical. O Reino Unido, por exemplo, registra elevação nos atendimentos por eczema e dermatite a cada inverno, enquanto países nórdicos investem em campanhas públicas de conscientização para cuidados com a pele durante os meses gelados.
A tendência de agravamento também impõe desafios ao sistema público de saúde. No Brasil, a sobrecarga em postos e unidades dermatológicas durante o inverno pressiona a já limitada rede de atendimento especializado. Além disso, o custo com medicamentos tópicos e hidratantes representa um peso adicional ao orçamento de famílias de baixa renda, que nem sempre têm acesso a orientações adequadas.
A chegada do inverno, portanto, exige não apenas medidas individuais de prevenção, mas também políticas públicas voltadas à educação sanitária e ao acesso equitativo a produtos de higiene e cuidados dermatológicos. Com a intensificação das mudanças climáticas e seus efeitos sobre os padrões de temperatura e umidade, a tendência é que quadros dermatológicos sazonais tornem-se mais frequentes e severos, exigindo resposta coordenada entre autoridades de saúde e a população.