A oferta cresceu muito mais que a demanda. Em muitos horários do dia, especialmente entre o final da manhã e o início da tarde, há literalmente energia sobrando. Mas o sistema precisa operar com estabilidade, e a rede não dá conta de transmitir tudo ao mesmo tempo. A solução, muitas vezes, é cortar a geração de algumas usinas.
A chamada MMGD (micro e minigeração distribuída: pequenos sistemas, em sua maioria solares, instalados em telhados, comércios e propriedades rurais) ainda cresce em ritmo muito acelerado, e aumenta o desafio do ONS. Como não faz a gestão desses sistemas, não pode limitar sua geração.
Assim, quando há energia demais na rede, quem paga a conta são os grandes geradores, que veem sua produção reduzida. O ONS já alertou que daqui alguns anos, se a MMGD continuar crescendo neste ritmo, pode nem ter alternativas para cortar a geração, já que há muita energia que está “na base”, são as usinas inflexíveis, que precisam gerar mesmo se não houver demanda para elas.
O ONS publicou uma análise técnica que aponta que, se fosse possível cortar também a MMGD ou pelo menos compensar seus efeitos de alguma forma, os cortes nas usinas centralizadas poderiam ser reduzidos em até 50%.
O Ministério da Fazenda enviou recentemente um ofício à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sugerindo que adote mecanismos para que a MMGD arque com parte proporcional do impacto, mesmo que os cortes não ocorram fisicamente, mas sim por meio de ajustes nos créditos desses consumidores.
A proposta, no entanto, esbarra em desafios jurídicos e regulatórios, já que o sistema de compensação de energia elétrica foi previsto em lei e não prevê esse tipo de ajuste.