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22/07/2025

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E se o poeta Fernando Pessoa fosse transportado para 2025?


Na rua Garrett, no bairro do Chiado, em Lisboa (Portugal), Fernando Pessoa se materializa em carne e osso. Ele não se espanta com os carros ultra coloridos que passam nem com as caixinhas de metal que as pessoas carregam nas mãos. Fica curioso, contudo, e cheio de perguntas. Mais curioso ainda ao ver uma estátua parecida com ele mesmo, sentada em frente à cafeteria “A Brasileira”. Ou as pessoas se vestem muito parecidas com aquelas do século passado, ou algo está fora do comum.

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Quem traz o poeta para os tempos atuais é um menino louro muito interessado em ciências com sua “máquina do tempo portátil”. O nome dele? Franjinha. Com os outros personagens da Turma da Mônica, o menino transforma o poeta em um guia turístico, também mostrando a ele que, no futuro, ele seria alguém muito conhecido e aclamado. 

Esse exercício imaginativo está em “Encontro com Fernando Pessoa” (Editora Bambolê), novo livro de Maurício de Souza e José Santos, com colaboração de Miguel Worcman. Voltado para crianças e adolescentes, o texto é uma tentativa lúdica de aproximar a obra de Pessoa de quem ainda está na escola. 

Divulgação

Em entrevista ao Porvir, José defende a presença da poesia em sala de aula e o incentivo para que  estudantes escrevam os próprios versos. “É importante conhecer a obra [de Fernando Pessoa] porque ele é um dos nossos maiores poetas. Ele transita em vários gêneros: na prosa, nos diversos gêneros de poesia, no teatro, no infantil… É um autor muito completo e que escreve em língua portuguesa”, disse.

Quadras populares 

O projeto vem sendo construído desde 2016, a convite do próprio Maurício de Souza. José destaca que a intenção é que o livro seja usado em sala de aula. Ele faz menção às muitas pessoas que, no evento de lançamento, relataram ter aprendido a ler tendo contato com os gibis da Turma da Mônica. Nessa nova produção, o desejo é que as crianças conheçam não apenas o poeta, mas também o gênero literário. 

“Nós trabalhamos com quadra, porque é uma estrutura poética mais acessível, mais até do que a sextilha do cordel”, afirmou José. E no livro quem incentiva a turma a escrever pequenas quadras é o próprio Pessoa, que, além de guia local, também se torna professor de poesia. 

“Um dia vou viajar / pros lados do paraíso, / onde não existe banho / e nem sabão é preciso!”, se aventura Cascão em resposta a um pedido de Pessoa para que escrevessem a própria quadra. A fama dele é de não gostar muito de banho. “Comi uma rabanada / que me lembrou o natal, / depois eu pedi mais doze,  / é um doce sem igual!”, criou a personagem Magali, conhecida por ser gulosa.  

Na sala de aula

José, que construiu uma carreira literária no ramo infantojuvenil e já colaborou com Maurício de Souza em outras duas obras (“Turma da Mônica: Uma viagem à América Latina”, de 2018 e “Turma da Mônica: Uma viagem do Japão até o Brasil”, de 2019), espera que a publicação chame a atenção de crianças, mas que também seja bem aproveitada por educadores. “Mas se o professor não se encantar com poesia, vai ser muito difícil ela trabalhar com isso na sala. (…) Não vai ser uma imposição de programa, de currículo, nem nada. Tem que passar também por essa paixão pessoal”, argumenta. 

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Como maneira de incentivar a adoção do livro em sala de aula, a editora trabalha agora em um manual de apoio ao professor, que será disponibilizado em breve em seu site oficial.

“O professor tem um papel primordial nessa empreitada. Junto com a escola e a comunidade escolar são mediadores de leitura, a fonte de inspiração e de conhecimento das crianças. A relação entre leitor e leitura é um dos alicerces para a constituição de um cidadão consciente, crítico e protagonista. Tornar essa mediação mais prática, para que alcance mais alunos é fundamental”, escreveu José na carta de apresentação deste material. 

 José Santos (direita) ao lado de Miguel Worcman.

O manual conta com sugestões de atividades pré-leitura, durante a leitura e pós-leitura a serem desenvolvidas com os alunos, fazendo relações com habilidades previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). 

A aventura da Turma da Mônica em Portugal também é acompanhada pela professora Simone, personagem que segundo José foi pensada justamente para acompanhar as crianças nessas aventuras de aprendizagem. 

Os heterônimos (figuras pelas quais Pessoa ficou amplamente conhecido) também são descritos no texto. Nesse caso, ao invés de focar no nome acadêmico (que é apresentado para os membros da turma), eles são tratados como amigos que Pessoa imaginou ao longo da vida. Há menções a Alberto Caeiro, Bernardo Soares, Ricardo Reis, entre outros. 

Diferenças linguísticas 

O português falado no Brasil não é o mesmo falado em Portugal. Essa diferenciação também é explorada tanto nas falas de Pessoa, quanto do personagem “Alfacinha”, que é português e que recebe a turma em sua casa. Eles discutem termos como “elétrico” (bonde), “autocarro” (ônibus) e “comboio” (trem ferroviário) – este último presente no poema No Comboio Descendente, um dos mais conhecidos do autor, que inclusive virou letra de música.

“A arte e a poesia trazem para a gente jeitos de ver a vida que são diferentes, palavras que são diferentes e que a gente aprende lendo”, reflete José.

Ao final da história há dois pequenos glossários com termos divergentes entre o português de Portugal e do Brasil. 

Encerra o livro uma breve antologia de poemas infantojuvenis do poeta português, morto em 1935 sem ter  visto o reconhecimento de seu trabalho. 






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