Uso sem orientação médica, aplicação incorreta e doses não padronizadas podem comprometer a eficácia e a segurança do tratamento
Um fato que tem ocorrido comigo com uma certa frequência é o atendimento de pacientes que vêm de médicos — ou, pior, de outros profissionais não médicos — utilizando microdoses de Ozempic (Wegovy). A menor dose de Ozempic disponível no mercado é a de 0,25 mg. No entanto, algumas pessoas estão utilizando 0,125 mg ou até menos. Também observo a administração diária de microdoses, o que é ainda mais preocupante.
Uso fora do padrão compromete a eficácia
A justificativa para esse tipo de uso é a redução de efeitos colaterais, mas esse argumento só é válido no início do tratamento. Foram feitos inúmeros estudos pelo fabricante que indicaram que doses semanais são mais eficazes. Não há evidência científica que comprove a utilidade dessa tática de microdosagem diária. Além disso, há um risco maior de contaminação e infecção cutânea, já que essas microdoses são extraídas com seringas de insulina a partir das canetas dosadas, como no caso do Mounjaro, lançado no Brasil, cuja formulação é pensada para dose única.

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Risco de efeitos colaterais e ineficácia
Outro problema importante é que a aplicação diária de microdoses pode provocar sobreposição de doses e, com isso, mais efeitos colaterais. Embora o uso de doses menores possa ter aplicação em fases de manutenção de peso ou em casos de pacientes que precisam perder muito pouco, a utilização sem orientação médica pode resultar em efeitos indesejados ou simplesmente em nenhum resultado.
Procure um endocrinologista antes de iniciar o tratamento
A exigência de receita médica para a aquisição desses medicamentos certamente aumentará a segurança de quem for utilizá-los. Entre os possíveis efeitos colaterais estão pancreatite, perda de massa muscular e queda de cabelos. Em caso de interesse no uso dessas medicações, é fundamental buscar um médico especializado, como o endocrinologista. Para perdas pequenas de peso, há alternativas mais seguras e igualmente eficazes.
*Por Dr. Maurício Yagui Hirata – CRM-SP 59813 — RQE 088604
Endocrinologista e Membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Hospital Sírio-Libanês. Membro da Endocrine Society, European Society of Endocrinology e American Association of Clinical Endocrinology.