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23/07/2025

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Protocolos para educação antirracista devem refletir contexto escolar


Saber como agir diante de casos de racismo nas escolas deve ser uma prioridade central para qualquer instituição que se proponha a ser antirracista. A urgência é evidente: mais da metade dos professores brasileiros (54%) já presenciou situações de racismo entre alunos, segundo pesquisa do Observatório Fundação Itaú e Equidade.Info.

Um dado preocupante revela que 21% dos professores brancos afirmam não saber como agir diante dessas situações, o que reforça a necessidade de formar educadores preparados para consturir uma escola antirracista de fato.

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Rafael Silva, professor, gerente de relacionamento, equidade e inclusão da OLM (Our Lady of Mercy School) e especialista em educação das relações étnico-raciais, afirma que se trata de uma necessidade “para ontem”. São esses procedimentos que vão ajudar a identificar corretamente a vítima e o autor do ato racista, e quais medidas tomar para que haja um combate efetivo.

Mas não é só isso. De acordo com o especialista ouvido pelo Porvir, esses documentos – que precisam ser construídos com o apoio da gestão, do corpo docente, de alunos e outros atores da comunidade escolar – não podem se separar de um caráter formativo. Deve-se apresentar conceitos relevantes sobre raça de maneira contextualizada e levando em consideração o ambiente interno e externo dos colégios. 

Ou seja, criar um protocolo que apresente ações de ordem prática, mas que ao mesmo tempo instrua com sugestões de atividades, leituras, filmes etc. 

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Janine Rodrigues, escritora e diretora da Piraporiando, organização que oferece consultoria para projetos de educação antirracista, avalia que é fundamental ter o envolvimento das altas lideranças na construção desses protocolos e, sobretudo, dos próprios estudantes. 

“Estamos falando de um protocolo que vai olhar para a escola como um todo, mas vai ser fundamentalmente pensando na relação desses estudantes, então eles precisam ser ouvidos. O que ele pensa sobre a criação de um protocolo antirracista? O que ele acha que tem que ser feito caso aconteça uma situação de racismo?”, reflete Janine. 

“Quando o estudante participa da construção do protocolo, ele vai pensar em qual lugar estaria nesse documento, o que também o coloca para se implicar nessas decisões”, ressalta a escritora.

Janine e Rafael foram ouvidos pela reportagem do Porvir na Bett Brasil 2025, que aconteceu em São Paulo, entre os dias 28 de abril e 1º de maio. 

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Existe um modelo de protocolo?

Por mais que casos semelhantes de racismo possam acontecer em diferentes escolas, cada instituição tem suas próprias dinâmicas. Por isso, os protocolos devem ser pensados de forma única, a fim de alcançar os objetivos específicos daquela escola. 

Apesar disso, Janine destaca que o protocolo não é só um manifesto no qual a escola vai dizer que não concorda com o racismo. Ele precisa ter direcionamento claro. “Aconteceu isso, a gente faz o quê? Como registra? Como acompanhar o que aconteceu? Como documentar a evidência? O que é evidência? É algo bem complicado quando se trata de racismo”, ressalta.

Ayana Odara, especialista em diversidade que participou da roda de conversa “A sala é diversa. E o ensino, já é?”, no estande da Saber Educação, recomenda uma pesquisa prévia para construir esses protocolos. Ou seja, ter um embasamento para poder incluir diretrizes que poderão ser aplicadas e verificadas.

“A ideia dos protocolos é que os professores tenham também um direcionamento de como atuar em relação a isso, não só criar ações que muitas vezes não são bem fundamentadas e estruturadas pela falta de conhecimento”, aponta. 

Os especialistas ouvidos pelo Porvir ressaltaram que, diferentemente de outros setores da sociedade, a educação (e as escolas) são sempre questionadas quanto a suas ações pedagógicas. Quando se trata do antirracismo, esses questionamentos podem ser mais enfáticos. 

“Se você vai ser uma escola antirracista, prepare-se para perder matrículas”, pontua Janine. “O racismo não é só uma questão de falta de educação.Tem muito racista escolhendo ser racista”, ressalta. Em escolas privadas, principalmente, isso tende a acontecer devido à relação comercial que se estabelece com as famílias. 

Quando se trata de educação antirracista, essa questão também se choca com outras ações das escolas. Janine alerta que os programas de bolsas de estudos promovidos por escolas privadas não devem ser vistos como o primeiro passo, nem como o mais importante, dentro dessa construção social.

“A bolsa é importante dentro de um processo que leva tempo. Quando uma escola oferece uma bolsa, não é uma caridade. Lógico, ela pode ser uma ferramenta de reparação, mas ainda assim a escola precisa estar preparada para receber esse estudante, porque vai ter um choque cultural e social muito violento. A gente tem que ter cuidado porque senão esse estudante entra e adoece”, destaca a escritora. 

Conheça alguns protocolos antirracistas publicados recentemente
Os especialistas em educação antirracista ouvidos pelo Porvir destacam que não existe um modelo único de protocolo, pois as escolas e redes devem levar em consideração suas particularidades.

Como exemplo, vale observar o que está em andamento no Rio Grande do Sul e no município de Serra, no Espírito Santo.

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