A crise climática é uma realidade global. Seja no Brasil ou em outros países, os impactos ambientais vêm sendo sentidos em diferentes intensidades. De acordo com o Acnur (Agência da ONU para Refugiados), cerca de 90 milhões de pessoas deslocadas vivem atualmente em locais com alta ou extrema vulnerabilidade a riscos climáticos.
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“Nos últimos 10 anos, desastres relacionados ao clima causaram 220 milhões de deslocamentos internos – o equivalente a aproximadamente 60 mil por dia”, destaca a organização.
Apesar da relevância, o tema dos refugiados climáticos ainda é pouco explorado nas escolas, mas tem grande importância. No Brasil, além dos eventos extremos em outras regiões do planeta, enchentes em bairros periféricos, deslizamentos de terra e ondas de calor também têm forçado muitas famílias a se deslocar. Ou seja, trata-se de um assunto que precisa ser trazido para a sala de aula.
Pensando em promover esse debate nas escolas, o jornal Joca, em parceria com o Acnur e o coletivo Três Palitos, que atua com educação política por meio de oficinas e jogos sobre instituições democráticas, lançou o “Clima Tenso”, um jogo educativo voltado à conscientização dos estudantes sobre mudanças climáticas e deslocamentos humanos.
Indicado para estudantes a partir do 4º ano do ensino fundamental, o material está disponível gratuitamente no site oficial do jogo. Professores podem baixar e imprimir as cartas, o tabuleiro e o manual de apoio pedagógico desenvolvido especialmente para essa proposta. Entre os temas tratados no jogo estão Inundações, secas, furacões e aumento do nível do mar.
Stephanie Habrich, fundadora do Joca, afirma que o jogo se alinha à proposta de ensino com base em temas atuais, o que contribui para o desenvolvimento do senso crítico dos estudantes.
“Para mim, não faz sentido estar em uma escola aprendendo geografia, história ou matemática sem compreender o que está acontecendo no Brasil e no mundo, e sem conseguir relacionar os conteúdos com a realidade”, ressalta.
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Ela relata que o jogo passou por uma fase de testes em diferentes escolas, com participação ativa dos estudantes no processo de aperfeiçoamento. “As crianças diziam: ‘Ah, isso não funciona assim’, ‘Isso está muito longo’, ‘Isso precisa mudar’”, lembra. A versão final do jogo contempla diversas atividades que convidam os estudantes a tomar decisões e refletir sobre situações reais envolvendo a crise climática e os deslocamentos forçados.
Miguel Pachioni, oficial de comunicação do Acnur Brasil, destaca que a conexão com a realidade cotidiana torna o jogo ainda mais relevante, abrindo espaço para discussões sobre desigualdades sociais e padrões de consumo.

“O ‘Clima Tenso’ traz uma percepção clara de que as mudanças no nosso bairro ou comunidade impactam, de forma desproporcional, as pessoas de baixa renda. Esses grupos, em situação de vulnerabilidade, tendem a ser mais afetados por eventos climáticos extremos, que estão se tornando mais frequentes e intensos”, explica.
Ele espera que o jogo estimule a participação cidadã dos estudantes, incentivando, por exemplo, o mapeamento de riscos climáticos na escola ou na região onde vivem. “O jogo contribui para que compreendamos o território em que estamos inseridos e, a partir das discussões, possamos desenvolver mecanismos de prevenção e respostas efetivas diante de desastres já em curso”, conclui.
Acesse o jogo aqui
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