Search
Close this search box.

08/07/2025

Search
Close this search box.

A busca pelo lixo nuclear despejado no fundo do Oceano Atlântico

"ComEntre as décadas de 1950 e 1980, centenas de milhares de barris de resíduos nucleares foram despejados no Oceano Atlântico. Agora, pesquisadores estão mapeando o despejo e já descobriram 1.800 barris de lixo radioativo.O que os olhos não veem, o coração não sente – este era o lema que regia o despejo de lixo radioativo no oceano. Até o momento, pesquisadores já descobriram mais de 1.800 barris de lixo radioativo no nordeste do Atlântico.

Os barris radioativos foram despejados no oceano entre as décadas de 1950 e 1980 por vários países europeus, incluindo Reino Unido, Bélgica, Holanda, Suíça e Alemanha. Era a solução mais barata e simples para o descarte do lixo radioativo da indústria nuclear e de laboratórios de pesquisa.

O descarte de lixo nuclear no oceano só foi proibido em 1993. Até então, porém, pelo menos 200.000 barris já haviam sido jogados apenas no nordeste do Atlântico, a profundidades de 3.000 a 5.000 metros.

Pesquisadores europeus a bordo do navio de pesquisa L'Atalante navegaram até a região onde provavelmente se encontra metade de todo o lixo nuclear: a Bacia Atlântica da Europa Ocidental, a mais de 1.000 quilômetros a oeste de La Rochelle, na França. O projeto se chama Monitoramento de Pesquisas de Locais de Despejo Nuclear no Oceano (Nodssum, na sigla em inglês).

Poucos dados sobre lixo nuclear no Atlântico

A equipe internacional de 21 pesquisadores quer criar um mapa de todos os locais onde barris de lixo nuclear foram encontrados. Até o momento, pouco se sabe sobre o lixo nuclear no oceano e sua localização exata.

"Em muitos casos, faltam informações sobre a condição ou a localização exata dos tambores, e os dados sobre o tipo e a origem dos resíduos radioativos são frequentemente incompletos ou de difícil acesso", disse Pedro Nogueira à DW. O bioquímico do Instituto Thünen de Ecologia Pesqueira, na cidade alemã de Bremerhaven, está a bordo do L'Atalante. Ele trabalha no monitoramento de substâncias radioativas no ambiente marinho há dez anos.

De materiais de laboratório e roupas de proteção contaminados, resíduos da medicina, pesquisa e indústria, a resíduos de reatores nucleares, tudo está lá, diz o cientista. Embora os resíduos despejados sejam em grande parte lixo radioativo de baixo e médio nível, algumas dessas substâncias também são perigosas.

O estrôncio-90, por exemplo, que pode causar tumores ósseos e leucemia, especialmente se entrar no corpo humano. Outra dessas substâncias é o césio-137 – responsável pelo maior acidente radiológico já ocorrido no Brasil, em Goiânia nos anos 1980 – que também foi liberado durante o desastre do reator nuclear de Tchernobil. Até hoje, cogumelos selvagens e carne de caça em algumas regiões da Europa, incluindo a Baviera, na Alemanha, ainda estão fortemente contaminados com essa substância.

O plutônio, ou mais precisamente, o plutônio-239, também foi despejado em barris no Atlântico. É o isótopo de plutônio mais comumente produzido. Isótopos são tipos de átomos de um elemento que diferem do elemento original no número de nêutrons em seu núcleo.

O plutônio-239 tem uma meia-vida de mais de 24.000 anos, o que significa que sua radiação cai apenas pela metade.

Quanta radioatividade vaza para o oceano?

O líder do projeto Nodssum, Patrick Chardon, físico nuclear do laboratório de Clermont Auvergne, na França, suspeita que a radioatividade esteja escapando dos contêineres já há algum tempo. Embora os tambores sejam projetados para suportar a pressão das profundezas, eles não são projetados para reter a radioatividade.

"Sabemos que alguns tambores sofreram corrosão e que pequenas quantidades de radioatividade foram detectadas em sedimentos e organismos de águas profundas próximos a antigos depósitos", diz Pedro Nogueira. "No entanto, os dados disponíveis mostram que isso representa apenas um risco muito baixo para as regiões costeiras ou para a saúde humana." O monitoramento contínuo também mostrou que a radioatividade em peixes e frutos do mar está bem abaixo dos limites para consumo alimentar seguro.

Chardon estima que a radioatividade na grande maioria dos resíduos nucleares no Atlântico Norte desaparecerá após cerca de 300 a 400 anos. Segundo diz, apenas cerca de 2% dos resíduos têm uma duração de radiação significativamente maior.

Resíduos permanecerão no fundo do Atlântico

Os barris afundados no fundo do oceano provavelmente permanecerão onde estão. Recuperá-los seria extremamente difícil com a tecnologia atual e poderia representar grandes riscos ambientais, explica Nogueira.

O monitoramento contínuo dos resíduos nucleares no oceano é, portanto, essencial para detectar mudanças futuras na contaminação radioativa em tempo hábil e então tomar as medidas adequadas.

O cientista diz que a equipe do L'Atalante planeja permanecer no local por um total de quatro semanas. Não apenas para registrar a localização e as condições dos barris, mas também para coletar amostras de água, solo e animais. Essas amostras devem servir para demonstrar o impacto dos resíduos nucleares despejados no ecossistema. No total, os pesquisadores planejam examinar aproximadamente 200 quilômetros quadrados de área marinha.

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Bentley begins new era with radical raised limousine

“It’s like having a mechanical watch and a digital watch,” said Page, adding that Bentley…

João Pedro celebra ‘início dos sonhos’ no Chelsea sem esconder tristeza por queda do Fluminense

Jovem de 23 anos, que sonha com a seleção brasileira, saiu aplaudido por ingleses com…

Câmara aprova projeto que proíbe aproximação de agressor da vítima, mesmo com consentimento

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que proíbe que agressores com medida protetiva já…