Search
Close this search box.

22/07/2025

Search
Close this search box.

A história da baleia que viralizou — e o que não te contaram

Poderia ter ficado por aí, mas logo surgiu um farsante: outro homem se passando por ele, espalhou desinformação dizendo ter sido multado pelo órgão e começou a pedir dinheiro em redes sociais, o que nunca aconteceu. Em pouco tempo, a narrativa virou: os órgãos ambientais passaram a ser tratados como vilões, e a mentira ganhou força – levando até o verdadeiro autor do resgate a ter que se pronunciar.

Essa inversão é perigosa, especialmente em tempos em que vemos um PL que fragiliza o licenciamento ambiental passar na calada da noite, desmontando um dos mais importantes princípios dos órgãos ambientais.

A presença da baleia-franca na costa brasileira não é apenas uma sorte da natureza — é fruto de décadas de trabalho técnico, fiscalização e políticas públicas que vem ajudando a recuperar uma espécie ameaçada de extinção, em uma área extremamente sensível para a mesma. E essa área, A APA da Baleia-Franca, criada justamente para proteger essas águas, é constantemente ameaçada: são pressões para liberar o turismo embarcado em áreas sensíveis, o que pode causar estresse e afastamento das mães com filhotes; por projetos de expansão portuária e infraestrutura costeira, como dragagens e aumento de tráfego de navios; e por tentativas recorrentes de flexibilizar seu plano de manejo, reduzindo restrições ambientais.

Tudo isso enfraquece o papel da APA e coloca em risco não só as baleias, mas toda a biodiversidade que depende desse território protegido.

É fácil se solidarizar e dizer que ama os animais — mais difícil é entender o trabalho silencioso e persistente das instituições que existem justamente para protegê-los todos os dias. Muitas vezes nos voltamos contra esses órgãos porque eles não têm a agilidade a que as redes sociais nos acostumaram. Esquecemos que atuam sem holofotes, sem vídeos virais e com muito menos recursos do que deveriam. Ser “burocráticos” faz parte de sua missão, porque viver em sociedade significa que não temos o direito de fazer o que quisermos em ambientes públicos e ecossistemas compartilhados.

No fim das contas, o episódio da baleia revela algo mais profundo — o mesmo que se evidencia com a aprovação do PL da Devastação: a fragilidade do debate ambiental em tempos de desinformação. Órgãos ambientais passam a ser vistos como vilões ou entraves, enquanto os interesses corporativos são tratados como soluções. E isso não apenas enfraquece quem deveria zelar pelo bem comum, como também abre espaço para farsantes e oportunistas se aproveitarem do caos informativo, como aconteceu no próprio caso da baleia.

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Homem é preso com motocicleta furtada e diz ‘não lembrar de crime’ em Araújos

Um homem de 20 anos foi preso com uma moto furtada no bairro Morada do…

No ar em ‘Êta Mundo Melhor!’, Fabio de Luca celebra perda de peso

O ator Fábio de Luca, que estreia em novelas em ‘Êta Mundo Melhor!’, da TV Globo,…

Do México a Castel Gandolfo, na Itália, a serviço da criação

Porfírio, Sérgio e Israel são três seminaristas mexicanos que vivem uma experiência de voluntariado no…