Na semana passada, durante sua participação no XIII Fórum de Lisboa, realizado em Portugal, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), defendeu uma postura de tolerância zero no combate às facções criminosas, com foco na repressão ao tráfico de drogas.
Em sua fala, o mandatário foi enfático ao afirmar que o Brasil precisa abandonar qualquer condescendência em relação ao tema e adotar uma política rígida. Para o governador goiano, a sociedade enfrenta um cenário preocupante de banalização das drogas, o que, segundo ele, está diretamente ligado ao crescimento do consumo e da produção.
Caiado também chamou atenção para a atuação de facções em regiões como o Rio de Janeiro e a Amazônia, além da influência crescente desses grupos criminosos em países vizinhos da América Latina e até na Europa. Segundo ele, quando organizações criminosas se impõem sobre comunidades inteiras, o Estado perde sua autoridade e dá lugar a uma “estrutura paralela” de poder.
O chefe do Executivo estadual disse que, em Goiás, o enfrentamento ao tráfico envolve uma estratégia articulada que une ações de segurança pública com investimentos em educação e políticas sociais. A proposta, segundo ele, é oferecer caminhos alternativos à juventude e impedir que o crime organizado continue a cooptar adolescentes para suas redes.
De acordo com dados apresentados por Caiado, a atuação do governo estadual resultou em uma queda expressiva no número de jovens internados em unidades socioeducativas, que passou de 1.073 para 178 nos últimos seis anos — uma redução de 83%. “Esses jovens eram alvos diretos do narcotráfico. Mas, quando o Estado cumpre seu papel, o ciclo de violência pode ser rompido”, afirmou.
O Fórum de Lisboa é promovido anualmente pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
A edição de 2024 foi realizada entre os dias 2 e 4 de julho, na Cidade Universitária, em Lisboa. Caiado discursou ao lado do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Rogério Schietti Cruz; do presidente da ANS, Paulo Rebello; da professora Monique de Siqueira Carvalho (IDP); e do diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências de Portugal, João Goulão.