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23/07/2025

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Homens adoecem mais, vivem menos e resistem a cuidados médicos, aponta estudo internacional

Estudo avaliou indicadores de saúde relacionados a gênero em mais de 200 países (Foto: Pexels)

Homens apresentam taxas mais elevadas de doenças crônicas, buscam menos o sistema de saúde e têm expectativa de vida inferior à das mulheres, de acordo com uma revisão global realizada pela Universidade do Sul da Dinamarca. Publicado em maio na revista PLOS Medicine, o estudo avaliou indicadores de saúde relacionados a gênero em mais de 200 países, com foco em hipertensão, diabetes e HIV/Aids. Os resultados indicam que os homens não apenas desenvolvem essas condições com maior frequência, como também morrem mais cedo em decorrência delas, evitando o diagnóstico e o tratamento.

A pesquisa associa esse comportamento a fatores culturais e sociais. Normas de gênero, comportamentos de risco e a percepção da doença como sinal de fragilidade contribuem para o afastamento dos homens dos cuidados com a saúde. Eles tendem a fumar mais, negligenciar medidas preventivas e minimizar sintomas.

“O estereótipo do ‘ser homem’, vinculado a aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, impacta negativamente a saúde masculina”, afirma Wilands Patrício Procópio Gomes, médico de família e comunidade do Hospital Israelita Albert Einstein. Ele cita como obstáculos a associação entre doença e fragilidade, o desconhecimento sobre o corpo e sintomas, além do receio de receber diagnósticos.

Dados do IBGE de 2023 reforçam essa disparidade. A expectativa de vida dos homens no Brasil era de 73,1 anos, enquanto a das mulheres era de 79,7 anos – diferença de quase sete anos. Os homens também realizam menos consultas de rotina e demonstram resistência a exames preventivos e tratamentos contínuos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 82,3% das mulheres haviam ido ao médico no ano anterior, contra 69,4% dos homens.

Atenção primária como porta de entrada

Para o médico Wilands Gomes, a atenção primária é o ponto de partida para mudar esse cenário. Ele destaca a importância de ações direcionadas à população masculina, com foco em acolhimento, educação em saúde e oferta de exames de rastreio. “A atenção primária precisa conhecer bem sua população e desenvolver estratégias que ampliem o acesso, reduzindo o impacto dos fatores culturais e sociais no processo de adoecimento clínico, mental e psicológico”, afirma.

A resistência masculina ao sistema de saúde se reflete também nas estatísticas das doenças observadas. Entre 2007 e julho de 2024, 70,7% dos casos de HIV e aids no Brasil ocorreram entre homens, conforme dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Em relação a hipertensão e diabetes, comuns aos dois sexos, os homens apresentaram mais complicações fatais, como infarto e AVC.

Na prática clínica, é comum que homens recorram aos serviços de saúde apenas em casos agudos, como dor ou lesão. O estigma em torno de exames de rastreio, como o de toque retal para câncer de próstata, também afasta esse público. “Sem uma abordagem adaptada, eles permanecem afastados do cuidado e mais vulneráveis a mortes evitáveis”, alerta Gomes.

Iniciativas e políticas públicas

A faixa etária entre 20 e 59 anos concentra maior resistência ao cuidado, segundo observações do médico. Esse grupo é o foco da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), criada em 2008. A política busca adequar o Sistema Único de Saúde (SUS) às especificidades desse público, com ações como horários estendidos de atendimento e iniciativas extramuros.

“Ampliar o horário das unidades básicas, promover atividades em espaços públicos como bares e praças, e realizar atendimentos coletivos são estratégias eficazes para alcançar homens que normalmente não acessam os serviços de saúde”, pontua Gomes.

Outro exemplo de mobilização é o Novembro Azul, campanha criada em 2011 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida. A iniciativa visa conscientizar os homens sobre o câncer de próstata e estimular o autocuidado, abordando temas como tabagismo, saúde mental e prevenção de doenças cardiovasculares.

Para Wilands Gomes, no entanto, a transformação depende de um esforço conjunto do sistema de saúde para enfrentar os determinantes sociais e culturais da resistência masculina. “É fundamental que todos os profissionais da atenção primária estejam familiarizados com os protocolos de rastreio, tratamento, classificação e reabilitação da saúde do homem. Isso contribui para otimizar as consultas, fortalecer vínculos e qualificar o atendimento”, afirma. Essas estratégias têm mostrado bons resultados; o desafio é ampliá-las e consolidá-las.

 

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