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07/07/2025

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Humor é a melhor estratégia para lidar com o medo e o mal – 05/07/2025 – Ricardo Araújo Pereira

Quando defendo a superioridade da atitude humorística enquanto estratégia para lidar com o medo, o mal e a morte, há sempre alguém que contesta os meus argumentos com uma objecção fundamental. Consiste ela em assinalar que a tal atitude humorística não nos livra nem do medo, nem do mal, nem da morte. Mas eu nunca disse o contrário, até porque nada nos livra do medo, do mal e da morte.

O que eu digo é que aquela atitude fornece uma espécie de anestesia filosófica, muito precária e passageira, contra o medo, o mal e a morte. É muito pouco, quase nada, mas eu não conheço uma estratégia melhor.

Trata-se de olhar para o que é inevitável e dizer: não estou impressionado. A realidade da nossa existência é dura, cruel, inescapável —e a gente pergunta: sim, e daí? Certas pessoas, como dizia, não enxergam a vantagem deste método. Então eu explico.

A vantagem é a seguinte (é preciso estar com atenção para a ver, porque é mesmo ínfima): somos todos condenados à morte, mas alguns de nós optam por fazer o percurso entre a cela e o cadafalso de cabeça baixa, lamentando esse destino. E outros escolhem fazê-lo dançando.

Se os meus interlocutores insistem no ceticismo, avanço com o argumento decisivo, que prova sem margem para dúvidas a superioridade da atitude humorística: em março de 1978, Charlie Chaplin foi sequestrado por dois bandidos, que o mantiveram em cativeiro durante 76 dias, sem comida nem água.

Pois o grande humorista permaneceu impassível, calmíssimo, nunca se afligindo nem demonstrando o mais pequeno sinal de receio. Certo, diz quem discute comigo, mas Chaplin tinha morrido em dezembro de 1977.

É verdade, se quisermos ir a pormenores. Mas os bandidos desenterraram o seu caixão, esconderam-no num campo de milho, e enviaram dezenas de pedidos de resgate à viúva. Ela não pagou.

Disse mesmo que tinha a certeza de que, se fosse vivo, Chaplin haveria de achar muita graça à situação. Os sequestradores que ficassem com o cadáver, se isso lhes dava alguma felicidade.

É o que eu digo ao mundo, ou à vida (não sei bem): no fim, vais ficar com o meu imprestável cadáver.

Parabéns pela tua vitória, trouxa.


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