Na pesquisa de rótulos para esta edição, encontrei bebidas com mais aditivos do que ingredientes. Estabilizantes, corantes, reguladores de acidez, aromatizantes e espessantes estão dentro das caixinhas que também levam um mix de vitaminas e minerais sintéticos, numa tentativa de parecerem saudáveis. Mas acrescentar esses nutrientes numa bebida açucarada não faz dela melhor. Além do mais, uma alimentação rica em vegetais variados e boas fontes de proteínas já fornece todos os nutrientes de que uma criança precisa.
A maioria desses produtos tem soro de leite como ingrediente principal, e o da marca Colônia Holandesa nem contém leite na composição. O chamado “alimento à base de soro de leite, permeado de leite e açúcar sabor chocolate” lidera o ranking do açúcar com 26 g por caixinha, que equivale a 6 colheres de chá. Mas os outros não ficam muito atrás. Em contraste, a marca também produz uma alternativa bem melhor, que vêm em embalagens pequenas e com o canudo que as crianças gostam. Essa é 100% leite, sem estabilizantes. Embora não seja um achocolatado, pode ocupar a mesma ocasião de consumo, pela conveniência do formato.


A qualidade desses ultraprocessados é lamentável. Com poucas proteínas, diversos aditivos e bastante açúcar, eles são basicamente uma fonte de calorias líquidas que tiram parte da fome e competem com os alimentos naturais. O mais preocupante é o conceito: ao introduzir um personagem infantil na embalagem que cabe na lancheira e na mão da criança, a indústria está criando vínculos afetivos com o consumidor desde a infância. Esse tipo de bebida estimula o paladar de uma forma intensa, tornando os alimentos frescos desinteressantes.