Com o mundo ficando mais eletrificado, ainda sobra espaço para esportivos que apostam apenas no motor a combustão? A Mini acredita que sim. Prova disso é o lançamento dos novos Mini John Cooper Works (JCW) tanto na versão hatch quanto na cabriolet (mostrada aqui), com esta motorização.
Como ousadia pouca é bobagem, esta versão cabrio é a segunda da marca apresentada recentemente no Brasil. Apesar de sermos um país tropical, esse tipo de carroceria é incomum por aqui. No início do ano, chegou o Cooper S Cabrio, que custa R$ 319.990, e agora o JCW Cabrio, vendido a R$ 349.990.
O novo Mini JCW Cabrio recebeu uma atualização que a marca trata como nova geração, porém nada mais é do que uma reestilização profunda. A plataforma é a mesma, a UKL1, mas há o emprego de novos materiais na carroceria para aumentar a rigidez torcional, assim como novos pontos de fixação da suspensão traseira, o que trouxe benefícios para o comportamento dinâmico e o conforto a bordo.
Visualmente, não houve alteração significativa no design, aspecto que a Mini sempre cuidou, uma vez que o estilo clássico é sempre bem complexo de alterar, evitando o risco de mexer na essência da marca.

Tanto a versão hatch quanto a cabrio destacam-se pela grade frontal octogonal em preto brilhante, com o emblema JCW e entradas de ar ampliadas para melhorar a refrigeração do motor e até mesmo dos freios, que usa discos ventilados nas quatro rodas. Faróis full-led com luzes diurnas horizontais diferenciam esses dois modelos das demais versões da linha. As rodas de 17”, com desenho exclusivo, com acabamento preto e deixando aparecer as pinças de freio na cor vermelha, chamam a atenção. Os pneus são 215/45 R17.

Para os que estranharam as lanternas triangulares, que estrearam na versão elétrica, uma boa notícia: o Cooper JCW conversível (só nele) mantém as lanternas com o formato convencional, só com novo efeito pixelado, preservando a iluminação em formato de seta. No hatch, as lanternas são triangulares.
O teto de lona retrátil elétrico pode ser aberto ou fechado com o carro em movimento, em velocidade de até 30 km/h, em 18 segundos. Porém, é necessário segurar o botão de acionamento até a conclusão da operação. Com a capota recolhida, a capacidade do porta-malas, que já não é muita, diminui. De 215 para 160 litros.


Na cabine, o minimalismo impera e o quadro de instrumentos foi substituído por uma tela de acrílico que transmite as informações do head- -up display e todos os ajustes e controles são por meio da tela redonda central, que tem 24 cm de diâmetro, equivalente a quase 10”. A tela tem tecnologia OLED, que impede que sofra o ofuscamento da luz solar quando a capota está aberta.

O acabamento é sempre preto, com detalhes vermelhos. Os bancos são semiconcha revestidos de couro e tecido. O mesmo tecido com textura agradável ao toque ganha uma bandeira quadriculada estilizada na parte inferior direita do painel, que ajuda a trazer um quê de esportividade. O volante com costuras aparentes e o terceiro raio feito por uma tira de tecido combinado com a chave embutida no console para ligar o motor complementam os itens que remetem à esportividade.



O segredo de um Mini assinado pela divisão John Cooper Works é o equilíbrio do conjunto completo. O motor é o conhecido 2.0 turbo, da família B48, que recebeu uma série de melhorias para ganhar 27 cv e 8,1 kgfm em relação ao Cooper S. Na configuração JCW há injeção dupla de combustível e variador de fase nos comandos de escape e admissão para oferecer 231 cv e 38,7 kgfm.
O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h prometido pela Mini, para a versão Cabrio, é de 6,4 segundos e, em nosso teste, o modelo cumpriu essa prova em 6,6 segundos. Mas não é só a rapidez na aceleração que impressiona, as retomadas de velocidade também são extremamente ágeis, foram apenas 3 segundos em uma retomada de 60 a 100 km/h, uma das mais executadas para simular situações de ultrapassagens nas estradas. E isso pode ser atribuído à relação peso/potência de 5,8 kg/cv, pois o Mini pesa apenas 1.330 kg. A transmissão de dupla embreagem também contribui para a agilidade, porque realiza trocas rápidas e praticamente imperceptíveis.

Como todo Mini, este também proporciona um tipo de condução que convida o condutor a interagir com o carro e com a via. O que a fábrica chama de Go-Kart Feeling. Mas, para o dia a dia, a suspensão adaptativa do JCW é bem firme, até mesmo nos modos de condução mais suaves, e isso torna a condução na cidade desconfortável, qualquer imperfeição do piso é transmitida para os ocupantes. O conjunto, que recebeu novas molas e amortecedores nesta versão, muda de forma considerável o comportamento, conforme o modo de condução escolhido. Mas é na estrada que o acerto de suspensão agrada ao oferecer uma interação mais visceral. E a emoção fica maior com a capota aberta: surpreende como é possível se alcançar velocidades maiores, sem que o vento se torne um incômodo na cabine.

No modo Go-Kart, a tela multimídia exibe dados relacionados ao desempenho, como torque e aceleração (G). Nessa opção, as trocas de marcha ocorrem em rotações mais elevadas, a suspensão fica ainda mais firme, assim como a direção, e o ronco do motor mais grave e alto.

No modo Green, mais econômico, as trocas de marcha ocorrem em regimes menores, privilegiando o consumo. E na nossa pista medimos 11,1 km/l na cidade e 15,5 km/l na estrada.
A ausência do quadro de instrumentos não causou nenhum transtorno e o head-up display cumpriu bem a função de forma mais segura. O que chamou a atenção foi o isolamento acústico precário do teto. No teste de ruído a 120 km/h o barulho na cabine é de 72,3 dB – uma picape Ram 1500 com motor V8 faz 67,8 dB. Menos mal que estamos falando de um esportivo, no qual ouvir o ronco do motor é algo agradável.


O JCW Cabrio não tem rivais diretos. O outro conversível mais próximo em preço é o BMW 420i Cabrio, que passa dos R$ 460.000. Ele custa R$ 30.000 extras em relação à versão convencional, S Cabrio, mas além de ter motor mais potente traz visual e elementos que só um John Cooper Works pode oferecer.
Veredicto
O Mini impressiona pela esportividade aliada à versatilidade de conduzir sem a capota. Para quem aprecia esses atributos, diante das opções que existem no mercado, ele tem preço convidativo.
Ficha Técnica
Motor: gas., diant., transv., 4 cilindros, turbo, 16V, 1.998 cm3; 82×94,6 mm, 231 cv a 5.000 rpm, 38,7 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: automático, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: liga leve, 215/45 R17
Dimensões: compr., 386,7 cm; larg., 174,4 cm; alt., 143,2 cm; entre-eixos, 249,5 cm; peso, 1.330 kg, porta-malas 160 l
Teste Quatro Rodas
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 6,6 s |
0 a 1.000 m | 26 s / 211 km/h |
Velocidade máxima | 245 km/h* |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 2,5 s |
D 60 a 100 km/h | 3 s |
D 80 a 120 km/h | 3,5 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 15,3/27,3/61,1 m |
Consumo | |
Urbano | 11,1 km/l |
Rodoviário | 15,5 km/l |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 45,7/65,7 dBA |
80/120 km/h | 65,5/72,3 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 98 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 1.700 rpm |
Volante | 2,3 voltas |
SEU Bolso | |
Preço | R$349.990 |
Garantia | 2 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 24,5 °C; umid. relat., 55,5%; press., 767 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas