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08/07/2025

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Paz, unidade e comunhão em caminho sinodal

Nos primeiros dois meses do seu pontificado, o Papa Leão XIV marcou o seu rumo pastoral.

Rui Saraiva – Portugal

Era um final de tarde com sol primaveril. As nuvens que se mantinham nos céus de Roma, insistiam em colorir uma paisagem preenchida por rostos expectantes. De nariz levantado para a chaminé da Capela Sistina, todos aguardavam um sinal. Os diretos dos media iam alimentando a emoção.

Pela paz desarmada

De repente o fumo é branco. E claro ficou, que um novo tempo estava a chegar. A escolha estava feita. Os cardeais tinham decidido no dia 8 de maio de 2025: o cardeal Robert Francis Prevost é o novo Papa. Leão XIV é o nome que escolheu.

Natural de Chicago, nos Estados Unidos da América, tem 69 anos e é da Ordem de Santo Agostinho. Foi missionário e bispo no Perú. Foi prefeito do Dicastério para os bispos no Vaticano. A sua primeira palavra, com valor evangélico e pastoral, mas também político foi: a paz.

“A paz esteja com todos vós”, disse o Papa Leão.

A partir da Praça de S. Pedro e em comunicação urbi et orbi o Papa Leão deixou claro o seu desejo de uma paz desarmada e desarmante que seja humilde e perseverante porque esta é a paz de Cristo.

“Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, que é humilde e perseverante”, afirmou.

Recordando o Papa Francisco, Leão XIV declarou que a humanidade precisa de Cristo e da sua luz.

“Sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e uns com os outros, sigamos em frente! Somos discípulos de Cristo. Cristo vai à nossa frente. O mundo precisa da sua luz. A humanidade precisa d’Ele como ponte para poder ser alcançada por Deus e pelo seu amor. Ajudai-nos também vós e, depois, ajudai-vos uns aos outros a construir pontes, com o diálogo, o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo sempre em paz. Obrigado, Papa Francisco!”, disse Leão.

Nas suas primeiras palavras após a sua eleição, o Santo Padre Leão XIV deixou clara a sua intenção de pôr em caminho uma Igreja sinodal.

“Queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que procura sempre a paz, que procura sempre a caridade, que procura sempre estar próxima, sobretudo dos que sofrem”, salientou.

Em unidade e comunhão

Nos primeiros dois meses do seu pontificado, o Papa Leão XIV marcou o seu rumo pastoral. Destaque para a celebração dos santos Pedro e Paulo, a 29 de junho, na qual o Papa assinalou a importância de vivermos uma comunhão em harmonia de vozes e rostos.

“A história de Pedro e Paulo ensina-nos que a comunhão a que o Senhor nos chama é uma harmonia de vozes e rostos, e não apaga a liberdade de cada um. Os nossos Padroeiros percorreram caminhos diferentes, tiveram ideias diferentes, por vezes confrontaram-se e discordaram com franqueza evangélica. Mas isso não os impediu de viver a concordia apostolorum, ou seja, uma viva comunhão no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, afirmou.

O Santo Padre na sua homilia sublinhou que a comunhão eclesial é feita de unidade na variedade.

“Tudo isto nos interroga sobre o caminho da comunhão eclesial. Ela nasce do impulso do Espírito, une a diversidade e constrói pontes de unidade na variedade de carismas, dons e ministérios”, referiu.

Leão XIV pediu o empenho de todos os fiéis para viverem a diversidade como um laboratório de unidade e comunhão.

“Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros”, afirmou.

Na sua reflexão, o Santo Padre alertou para “o risco de cair no hábito, no ritualismo, em padrões pastorais que se repetem sem renovação e sem captar os desafios do presente”.

E sublinhou que “na história dos dois Apóstolos” verificamos a sua “disponibilidade para se abrirem à mudança, para se deixarem interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros e pelas situações concretas das comunidades, para procurarem novos caminhos de evangelização a partir dos problemas e das questões colocadas pelos seus irmãos e irmãs na fé”, recordou o Papa.

Um caminho sinodal “fora do qual tudo murcha”

E é em caminho sinodal que o Papa Leão vai percorrer o seu pontificado. Foi na Vigília de Pentecostes no sábado 7 de junho, que o Santo Padre afirmou que a sinodalidade é o nome eclesial para a consciência de que Deus criou o mundo para estarmos juntos. Um caminho “fora do qual tudo murcha”, declarou.

“Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos. ‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência. É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo, fora do qual tudo murcha, mesmo o mais original dos carismas”, afirmou o Papa Leão.

Leão XIV recordou a tarde da sua eleição, a 8 de maio, quando olhou para a multidão na Praça de S. Pedro e sentiu a emoção de ver o povo de Deus ali reunido. “Lembrei-me da palavra ‘sinodalidade’, que expressa muito bem o modo como o Espírito molda a Igreja”, revelou o Papa.

“Na tarde da minha eleição, olhando com emoção para o povo de Deus aqui reunido, lembrei-me da palavra ‘sinodalidade’, que expressa muito bem o modo como o Espírito molda a Igreja. Nessa palavra, ressoa o syn – o “com” – que constitui o segredo da vida de Deus. Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e Espírito Santo – e é Deus connosco. Ao mesmo tempo, sinodalidade recorda-nos o caminho – odós – porque onde está o Espírito, há movimento, há caminho. Somos um povo em caminho”, declarou o Santo Padre.

Um povo que caminha em conjunto, mas “num mundo dilacerado e sem paz”, lembrou o Papa. Mas é aí que o Espírito Santo nos educa verdadeiramente a caminhar juntos. O Santo Padre lançou o desafio de não sermos predadores, mas peregrinos “harmonizando os nossos passos com os passos dos outros”.

“Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os passos dos outros. Não consumindo o mundo com voracidade, mas cultivando e cuidando dele, como nos ensina a Encíclica ‘Laudato Si’”, salientou o Santo Padre. 

Fazer redes para não sermos solitários

Na manhã de domingo, 8 de junho, o Papa Leão XIV celebrou Missa na Praça de S. Pedro e lembrou que o Espírito Santo abre fronteiras dentro de nós para que orientemos a nossa vida para o amor. Para que a presença de Deus desfaça a nossa dureza de coração, o nosso fechamento, egoísmo e “medos que nos bloqueiam”. Em suma, o Espírito Santo desafia o nosso individualismo para que não sejamos “viajantes perdidos e solitários”.

“O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que se atrofia, sugada pelo individualismo. É triste observar como num mundo onde se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de ‘fazer redes’, sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e solitários”, declarou o Papa.

Na sua homilia, o Santo Padre lembrou que o Espírito Santo “alarga as fronteiras” das relações, abrindo à fraternidade, que “é um critério decisivo também para a Igreja”. Para que não haja divisões, mas diálogo e acolhimento na diversidade.

“O Espírito alarga as fronteiras das nossas relações com os outros e nos abre à alegria da fraternidade. E esse é um critério decisivo também para a Igreja: só somos verdadeiramente a Igreja do Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem divisões, se na Igreja soubermos dialogar e acolher-nos mutuamente, integrando as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e hospitaleiro para todos”, afirmou o Papa.

Rumo à Assembleia Eclesial de 2028

Entretanto, na passada segunda-feira 7 de julho, a Secretaria Geral do Sínodo divulgou um documento com “Pistas para a fase de aplicação do Sínodo” aprovado pelo Papa Leão XIV.

O texto confirma o percurso publicado a 15 de março, ainda pelo Papa Francisco, que desenha um caminho a partir das igrejas locais rumo a uma Assembleia Eclesial em outubro de 2028 em Roma.

Assim, a Secretaria Geral do Sínodo recorda as seguintes etapas em caminho sinodal:

– entre junho de 2025 e dezembro de 2026: percursos de implementação nas Igrejas locais;

– no primeiro semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas dioceses;

– no segundo semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas conferências episcopais nacionais e internacionais, nas estruturas hierárquicas orientais e em outros agrupamentos de Igrejas;

– no primeiro quadrimestre de 2028: Assembleias continentais de avaliação;

– em outubro de 2028: celebração da Assembleia Eclesial no Vaticano.

O texto assinala a importância das equipas sinodais como animadoras do processo sinodal nas igrejas locais. E nesta fase da aplicação, com a especial missão de recolher os frutos dos trabalhos desenvolvidos para serem devidamente partilhados e analisados na fase de avaliação prevista para o primeiro semestre de 2027.

O documento revela que o Papa Leão decidiu criar mais dois grupos de estudo que se juntam àqueles que já estão a trabalhar há algum tempo. Um dos novos grupos será para estudar a “liturgia em perspetiva sinodal” e o outro para aprofundar o “estatuto das conferências episcopais, das assembleias eclesiais e dos Concílios Particulares”.

Voltaremos a este documento em breve.

Entre 2021 e 2024 o Sínodo envolveu milhões de pessoas em todo o mundo refletindo sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”. Chegou agora o momento da aplicação concreta na vida da Igreja das conclusões do Documento Final do Sínodo. Com o Papa Leão XIV rumo à Assembleia Eclesial de 2028.

Laudetur Iesus Christus

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