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22/07/2025

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Porvir debate os caminhos para uma educação digital significativa


O painel de abertura do Festival Encontro com o Porvir, realizado neste sábado (21), em São Paulo, apresentou reflexões e propostas fundamentais para gestores escolares e educadores que ainda têm dúvidas sobre a importância e os cuidados necessários na integração de tecnologias na escola. O debate também abordou temas como letramento digital e midiático, além da atenção à qualidade dos conteúdos online consumidos por crianças e adolescentes.

Diante das discussões sobre a restrição do uso de celulares em sala de aula, o painel provocou uma reflexão essencial: com a restrição ao celular, como promover uma educação digital significativa? Participaram da conversa Ivan Siqueira, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba); Willmara Monteiro, professora da Escola Municipal Paulo Freire, em Petrolina (PE) e vencedora da 2ª edição do Prêmio Professor Porvir na categoria tecnologia; e David Almansa, diretor do Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

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No auditório da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado ), Tatiana Klix, diretora do Porvir, deu início ao debate lembrando que, ao longo dos seus 13 anos de existência, a agência de soluções e jornalismo acompanhou diversas transformações na discussão sobre tecnologia na educação: desde o deslumbramento inicial, passando pelos desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19, até chegar ao momento atual, marcado pelos debates sobre a restrição do uso de celulares nas escolas.

Mônica Silva/Terra Preta Produções Painel de abertura do Festival Encontro com o Porvir 2025

Ao longo da conversa, os participantes destacaram que é preciso que a escola se reconecte consigo mesma, com seus estudantes e com a sociedade. Para isso, é necessário enfrentar temas urgentes, como os riscos da internet para crianças e adolescentes, que envolvem golpes, ofensas e crimes virtuais, além do impacto da desinformação e dos avanços da inteligência artificial generativa, que já influenciam o ambiente educacional e a sociedade de forma ampla. Também foi discutido como os efeitos psicológicos do uso excessivo de telas impactam a vida dos estudantes, além do grande desafio de preparar os professores para lidar com as rápidas e constantes transformações tecnológicas.

O Festival Encontro com o Porvir contou com patrocínio de Wings Educação e Nubank, apoio de Fecap e Instituto Escolas Criativas, e parceria operacional de Camino School, Rede Conhecimento Social, Roda Educativa, Companhia na Educação, Festou e ZeitGeist – Educação, Cultura e Mídia.

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A busca pela informação

Então, foi lançada a questão: de quais formas essa restrição terá impacto para o futuro da educação digital? “Nos últimos 20 anos, desde a chegada da internet e redes sociais, houve uma mudança significativa em relação ao papel da escola”, afirma Ivan Siqueira, que além de lecionar no ensino superior foi relator da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Computação. 

Ou seja, o debate sobre tecnologia na educação seguirá gerando discussões constantes. Ivan lembra que quando atuava na formação de professores para o que hoje se entende como educação digital, as redes sociais ainda não faziam parte do cenário, o que evidencia uma transformação profunda nas expectativas em relação à escola. 

Homem de terno segurando um microfone durante sua fala no Festival Encontro com o Porvir
Mônica Silva/Terra Preta Produções Ivan Siqueira, professor da UFBA, alertou para as novas fontes de informação utilizadas por jovens

Na avaliação do pesquisador, a restrição ao uso de celulares nas escolas, uma tendência observada em diversos países, não significa proibir o uso pedagógico da tecnologia, desde que ele esteja amparado por um projeto pedagógico bem estruturado. Ivan também faz um alerta: para grupos socialmente vulneráveis, como pessoas LGBTQIA+, negras e autistas, as redes sociais podem representar espaços de acolhimento, sobrevivência e construção de identidade. Por isso, qualquer proposta de uso pedagógico da tecnologia deve ter o cuidado de não aprofundar as desigualdades.

Referendando portais de notícias como o Porvir, ele ressalta a importância da informação de qualidade para o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, Ivan considera que um dos grandes desafios atuais da educação digital reside em ensinar os estudantes a buscar informações seguras. 

“Antigamente, eles não tinham mais que três fontes de informação, sendo a televisão a principal. Hoje, porém, a fonte basicamente é a Inteligência Artificial, que não é confiável. Então como se educa se as fontes antigas estão obsoletas e a fonte atual não é segura?”, questiona.

Ao avaliar como professores podem se preparar melhor para essas transformações, Ivan destacou a necessidade de ter consciência das mudanças, engajar-se na formação continuada e, principalmente, trabalhar em equipe com colegas, pois é “muito difícil” para um professor sozinho. O professor deve pensar de forma mais ampla. “Vai ter que aprender junto, com os estudantes, com as famílias. Muita coisa já está acontecendo em fogo brando, mas a temperatura tende a aumentar”, disse.

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Educador: aproprie-se das ferramentas

A professora de computação, matemática, robótica e games, Willmara Monteiro, acredita que esse caminho deve passar pela apropriação das ferramentas digitais em seu viés educativo – tanto por estudantes quanto por educadores. “Os jovens precisam enxergar o celular de outra forma – seja para criar, inventar e programar –, para que percebam o quão poderosa é essa ferramenta”, observa.

Mônica Silva/Terra Preta Produções Willmara Monteiro, professora de escola pública em Petrolina (PE)

Professora da Escola Municipal Paulo Freire, em Petrolina (PE), Willmara também destaca alguns passos importantes para os docentes se apropriarem desses recursos tecnológicos, enfatizando a necessidade de intencionalidade pedagógica e colaboração entre educadores:

  • Saber para qual público a ferramenta será direcionada, pois o que funciona para uma turma pode não fazer sentido para outra, entendendo que adaptações podem ser necessárias;
  • Garantir que a ferramenta se conecte ao plano de ensino e ao plano de aula, servindo de apoio à prática pedagógica e ao conteúdo;
  • Estudar a ferramenta detalhadamente para compreender seu funcionamento;
  • Trocar ideias com outros professores que já a utilizaram, aprendendo com suas experiências e resultados;
  • Pesquisar, compreender, compartilhar e colaborar com outros educadores, pois “o caminho é novo para todos e não se faz nada sozinho nesse processo”.

Willmara também ressalta que a tecnologia não é uma solução mágica e que seu “uso deve considerar os desafios e dificuldades de cada aluno, criando uma conexão significativa entre o conteúdo e seu cotidiano”.

A professora vê oportunidades para que os alunos compreendam o celular como uma ferramenta poderosa, que pode ser usada de forma criativa e inventiva, indo além do uso passivo. É o que acontece em seu projeto “Hackers da Caatinga”, no qual os estudantes deixam de ser apenas usuários para se tornarem criadores de tecnologia. Entre códigos, jogos, pixel art e programação visual com o Scratch, eles desenvolvem raciocínio lógico, pensamento matemático e criatividade, ao mesmo tempo que reforçam suas raízes, conectando a aprendizagem ao território da Caatinga.

Defensora da tecnologia como ponte e não como obstáculo, Willmara acredita que seu papel é transformar o aprendizado em algo mais vivo e conectado com a realidade dos estudantes. Para ela, quando a tecnologia se torna aliada da educação, o conteúdo ganha sentido, aproxima-se da vida e convida cada aluno a questionar o mundo, imaginar possibilidades e reconhecer-se como agente de transformação.

Ao definir o que entende por “a escola que reconecta”, Willmara não hesita: é aquela que sonha – e não sonha sozinha. Sonha coletivamente e, mais do que isso, transforma esse sonho em realidade todos os dias, no encontro com seus alunos, na construção de projetos e na reinvenção constante do ato de educar.

Educação midiática para formar cidadãos conscientes

O diretor do Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, David Almansa, destacou durante o painel a complexidade dos desafios que a era digital impõe à sociedade, especialmente no que diz respeito à proteção e à educação midiática e digital de crianças e adolescentes. Ao comentar a Lei 15.100, que desde o início do ano restringe o uso de celulares nas escolas, Almansa afirmou que a medida funciona como um “freio de arrumação”, necessário para ajudar a reconectar as pessoas no ambiente escolar. 

No entanto, ele fez questão de reforçar que essa restrição não significa transformar a escola em um espaço “antitecnologia”. Para ele, o caminho não está em negar o avanço da digitalização, mas sim em investir na educação para que crianças, adolescentes e toda a comunidade escolar possam lidar de forma crítica, consciente e responsável com o mundo digital.

David Almansa, homem de camisa branca e tênis claros falando no palco do Festival Encontro com o Porvir.
Mônica Silva/Terra Preta Produções David Almansa, diretor do Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

“Se vivemos em um mundo cada vez mais digital, e legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não são respeitadas no ambiente digital, existe uma lacuna. E é nela que entra a educação”, analisou David. 

Para avançar nesta questão, ele mencionou a elaboração a Estratégia Nacional de Educação Midiática, em vigor desde o final de 2023. O documento propõe estratégias para que crianças, adolescentes, adultos e idosos compreendam, analisem, se engajem e produzam conteúdo para as mídias digitais de forma crítica, saudável, consciente e cidadã.

“A hiperconectividade vem gerando uma série de transtornos em crianças e adolescentes, como distúrbios do sono, déficit de atenção, miopia. A restrição do celular volta a colocar a escola como local onde as pessoas dialogam entre si”, comemorou. “Mas ao mesmo tempo, a escola não pode se tornar um equipamento antitecnologia e anti-integração digital.”

Ele acredita que, enquanto educadores e gestores públicos, é preciso criar um movimento para fazer com que a educação midiática e digital saia do papel, entendendo que ela é hoje um componente ainda mais fundamental para a formação cidadã. 

“A escola não pode, por causa de uma lei, achar que daqui para frente o tema digital não é com ela”, avalia. “Agora, o uso pedagógico, que faz com que a coletividade se enxergue naquele ambiente, precisa ser feito, e a escola sempre será um dos melhores ambientes para esse tipo de debate e diálogo.”

No início de 2025, o Ministério da Educação publicou – com consultoria do Porvir – uma série de guias com orientações sobre o uso de celular nas escolas, nas redes de ensino e também nas famílias. “Não adianta a gente apenas restringir o uso do aparelho se a escola e a cidade não apresentam alternativas para que esse jovem se desconecte”, finaliza.

Nesse sentido, David Almansa defende que as políticas públicas precisam ir além do debate sobre o digital, contemplando a oferta de espaços públicos seguros, atividades culturais e oportunidades de convivência, sobretudo em territórios vulneráveis, para que a restrição ao celular não acabe por aprofundar desigualdades. Para ele, é importante que as escolas relatem suas realidades e desafios às autoridades, permitindo um olhar mais atento sobre as necessidades de recursos, investimentos e apoio, em vez de concentrar esforços apenas na lógica da fiscalização.

Almansa também destacou que a escola não pode ser o único espaço de educação, e que museus, bibliotecas, centros culturais e outras instituições devem compartilhar esse papel formativo. Seu desejo é por uma escola capaz de “reapresentar o mundo”, ao mesmo tempo em que toda a sociedade assume corresponsabilidade pela educação das crianças e dos jovens. Ao sintetizar o conceito de uma “escola que reconecta”, ele afirmou que é aquela que oferece recursos, garante suporte psicológico e socioeconômico, alimenta bem seus alunos e, acima de tudo, faz com que eles queiram voltar todos os dias.

Assista ao debate na íntegra






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