Com a morte do Papa Francisco aos 88 anos, a Igreja Católica entra em um novo capítulo de sua história. A partir de agora, uma série de rituais e procedimentos oficiais começa a ser conduzida, culminando na escolha do novo pontífice — um processo que promete ser tão simbólico quanto decisivo para o futuro da fé católica.
O primeiro passo já foi dado: a declaração oficial da vacância da Sé Apostólica, feita pelo camerlengo, cardeal Kevin Farrell. Como autoridade responsável pela administração temporária do Vaticano durante esse período, é ele quem coordena os ritos que antecedem o conclave.
O funeral do Papa Francisco está marcado para o próximo sábado, dia 26 de abril. Logo após esse momento solene, os olhos do mundo se voltam para a Capela Sistina, onde os cardeais com menos de 80 anos de idade — 135 ao todo — se reunirão em conclave para eleger o novo líder da Igreja Católica. Embora o Colégio de Cardeais conte com 252 membros, apenas os mais jovens têm direito a voto, conforme as regras estabelecidas.
Mais do que uma decisão religiosa, a escolha do novo papa deve refletir a visão de futuro que os cardeais desejam para a Igreja, em meio a um cenário global complexo, marcado por desafios éticos, sociais e espirituais. O peso do legado deixado por Francisco — marcado por uma visão mais aberta e pastoral — certamente estará presente nas deliberações.
Pela primeira vez na história, menos da metade dos cardeais votantes é de origem europeia, o que marca uma importante mudança de perfil no colégio eleitoral. Os eleitores estão distribuídos entre 14 cardeais da América do Norte, 53 da Europa, 23 da Ásia, 23 da América Latina, 18 da África e 4 da Oceania.
Essa diversidade reforça a ideia de uma Igreja verdadeiramente global, como destacou o teólogo Massimo Faggioli, da Universidade de Villanova (EUA). “A Igreja que Francisco deixa não está mais centrada na Europa. E isso se reflete na pluralidade do colégio encarregado de eleger seu sucessor.”
Mesmo com cerca de 80% dos cardeais nomeados por Francisco, o colégio não é homogêneo. Muitos desses cardeais representam visões distintas dentro da própria Igreja, entre posições mais progressistas e outras mais conservadoras. Isso torna o cenário eleitoral altamente imprevisível.
Entre as possibilidades levantadas por analistas e especialistas, estão nomes da África, da Ásia e também de cardeais com longa experiência administrativa dentro do Vaticano. A diversidade geográfica e de pensamentos torna difícil antecipar a escolha, que poderá surpreender o mundo mais uma vez — assim como aconteceu com a eleição de Francisco, em 2013. Nos próximos dias, espera-se que novos nomes ganhem destaque nas discussões internas e na cobertura da imprensa. Enquanto isso, o mundo acompanha atentamente os preparativos e aguarda o momento em que a fumaça branca voltará a subir sobre a Capela Sistina, anunciando ao mundo: Habemus Papam.
