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23/07/2025

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Reforma tributária intensifica a troca de cadeiras no mercado de trabalho


Foto via Freepik

Por Enzo Bernardes

A reforma tributária tem provocado uma reestruturação significativa nas empresas, que passaram a revisar seus processos internos para se adequar às novas regras fiscais. Com isso, muitas organizações têm investido na contratação de novos profissionais especializados nas mais diversas áreas da tributação, como tecnologia, compliance, administração e marketing, além de realocar funcionários para cargos estratégicos, especialmente nas áreas contábil e jurídica. 

A busca por maior eficiência e segurança nas operações fiscais movimenta todos os setores das empresas, levando desde o RH até o setor de TI a se envolverem nas mudanças trazidas pela reforma tributária.

De acordo com Ricardo Janesch, COO da ROIT, a primeira principal mudança organizacional nas empresas devido à reforma foi a “criação de novas cadeiras”. Ele explica que as empresas sempre trataram a área tributária como “quanto menor, melhor”: 

“Tradicionalmente, o back-office sempre foi visto como uma área que precisava ser enxugada ao máximo, por questões de eficiência e gestão. Mas a reforma tributária impõe uma nova realidade. O tributo deixa de ser apenas uma obrigação e passa a ser um tema estratégico para o negócio. Diante disso, torna-se essencial contar com pessoas dedicadas exclusivamente a essa transformação.”

Ricardo reforça que empresas estão estruturando equipes separadas de reforma tributária, seja mudando a função dos funcionários ou trazendo pessoas de fora. Além disso, ele afirma que cargos como PMO de reforma, TMO de reforma, líder de reforma tributária ou head de reforma têm se tornado cada vez mais comuns no mercado.

Camila Weingartner, People Manager na ROIT, relata que o primeiro impacto da reforma tributária é o surgimento de novas demandas e consequentemente novos cargos:

“Áreas como fiscal, contábil, jurídica e tecnologia precisarão se adaptar. Por isso, acredito que teremos a criação ou fortalecimento de funções como analista tributário, especialista em compliance fiscal, consultor jurídico tributário, além de profissionais de TI focados na automação e integração de sistemas com as novas regras”, explica.

Ela ressalta ainda a necessidade do aumento na busca por especialistas em parametrização de ERP, em gestão de créditos fiscais e até em precificação estratégica, “já que os impactos da nova carga tributária exigirão revisão de preços”. 

Escassez no mercado

Ricardo alerta para a crescente escassez de profissionais qualificados no mercado: 

“O que a gente vê e escuta o tempo inteiro é que os bons profissionais estão sendo disputados à tapa pelas empresas. Quem sabe um pouquinho mais já acaba se destacando. Então, a gente vê que aquela pessoa que é mais interessada, que estudou mais, que fez um bom curso, está se destacando”.

Ele complementa dizendo que devido ao curto prazo de implementação, o mercado se torna mais dinâmico e voraz, fazendo que o mínimo de conhecimento se torne um diferencial: 

“Então, às vezes a pessoa sabe um pouco mais de reforma do que a média de mercado, mas ela já consegue trazer impactos relevantes. É uma descoberta que demoraria às vezes quatro, cinco meses e que a pessoa já sabe”.

Ele explica que as principais habilidades mais demandadas são a compreensão do texto da reforma tributária e principalmente conseguir fazer aplicações de negócio através disso:

“Conhecer o texto é relativamente fácil, basta esforço. Você lê, entende, mas é o exercício de como será que isso se aplica no negócio A, B, C, qual que é a consequência que vai ter para o negócio da empresa. Essa competência é, de fato, a mais valorizada. É conseguir transformar aquele conhecimento teórico em insights de negócio”.

Além disso, ele cita a capacidade de aprendizado constante como uma das soft skills mais importantes.

Nesse sentido, Camila complementa: 

“O mercado está aquecido, especialmente nas áreas fiscal, contábil e de tecnologia, e nem todos acompanharam as mudanças. Isso cria uma escassez de talentos preparados para lidar com os impactos da reforma, exigindo das empresas investimento em capacitação e agilidade no recrutamento”.

Ela explica ainda que neste ano, 50% das novas vagas na ROIT foram para a área de Tax: 

“Criamos um time especializado exclusivamente em Reforma Tributária, com foco em consultoria e apoio aos nossos clientes nesse período de transição. Além disso, também contratamos profissionais de tecnologia voltados ao desenvolvimento de soluções específicas para atender às novas demandas fiscais”.

Programas de capacitação

Empresas têm criado seus próprios programas de capacitação para o aprofundamento da reforma tributária. A Thomson Reuters concluiu a primeira turma do programa Professional One da Reforma Tributária e planeja novos módulos. 

A empresa também criou a versão Professional One 50+, voltada àqueles com grande experiência técnica, mas que ainda não possuem um mindset digital. O objetivo é capacitá-los em tecnologia e soluções inovadoras:

“Eles vêm para esse programa e a gente dá um banho de loja neles na parte de tecnologia, de soluções e tudo mais para que esse profissional possa ser reinserido no mercado”, afirma Edinilson Apolinário, Diretor de Conteúdo e Líder da Reforma Tributária na Thomson Reuters. 

Ele explica também que não existem profissionais prontos para os desafios da reforma tributária, por isso a ideia é preparar talentos para um novo modelo, que exige adaptação tecnológica.

Os dados comprovam a necessidade

Uma pesquisa feita pela empresa de recrutamento Robert Half indica que 53% das empresas devem contratar pelo menos 3 novos colaboradores por conta da transição da reforma tributária. Nas grandes companhias, 58% pretendem contratar 3 novos funcionários, e 33% visam contratar ao menos 5. Pequenas e médias empresas devem abrir de 2 a 4 novas vagas.

O estudo também revela uma diversidade de perfis e áreas de atuação buscados nas novas contratações. Em sua maioria, as contratações buscam o ingresso de profissionais para equipe responsável (69%) e a integração de especialistas em tecnologia para suprir demandas de parametrização e implementação das soluções fiscais (44%).

Grandes empresas se movimentam

As contratações para os times de tributarismo não se limitam mais aos escritórios de advocacia e consultorias especializadas, como a ROIT, Pinheiro Neto e Machado Meyer, elas têm se expandido para empresas de diferentes setores, que buscam estrutura própria para lidar com as novas exigências fiscais. 

Empresas como Amazon, Coca-Cola Andina, Mercado Livre, e até mesmo a SpaceX, fabricante de foguetes, têm feito a “dança das cadeiras” buscando a preparação para a transição tributária.



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