A ginástica artística brasileira já mostrou nos Jogos de Paris-2024 estar entre as mais fortes do mundo. Com uma equipe que inclui talentos como Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira e Jade Barbosa, a expectativa é de se manter no topo por um bom tempo. Até porque os talentos não param de surgir, como Julia Coutinho, carioca de 15 anos que conquistou a medalha de ouro no solo da etapa da Eslovênia da Copa do Mundo em maio deste ano.
De certa forma, Julia é um reflexo do bom momento da modalidade no Brasil. “Minhas referências, claro, são Daiane dos Santos, Dani Hipólito, Rebeca, Flávia, Lolô, Jade”, diz a atleta.
Faz sentido. Afinal, foi em 2016, ao assistir à Olimpíada do Rio, que Júlia se encantou com a ginástica artística, o que levou seus pais a matricularem a menina, então com 7 anos, em uma escolinha de férias do Flamengo. E ali ela foi descoberta.
Parece uma trajetória fulminante, mas passou longe disso. “Desafios, tive vários. Desde financeiros a algumas lesões que me afastaram de treino e competição e meio que atrasaram meu progresso”, lembra Julia.
Talvez por isso sua expectativa nem fosse das mais altas na etapa da Copa do Mundo em que subiu ao lugar mais alto do pódio. “O principal objetivo na Eslovênia era me classificar. Eu só fui fazer um aparelho, que era o solo. Então, só tinha uma chance. E acabei sendo campeã”, relembra.
Ao receber a medalha Julia estava visivelmente emocionada. “Muitas coisas passaram na minha cabeça. Passou tipo um filme de tudo até ali, por isso me emocionei.”
A apresentação recebeu elogios até do intérprete da canção escolhida, Maria, Maria. Milton Nascimento fez questão de deixar um recado pelas redes sociais. “Meu treinador Walmy [Jr.] ouviu esta montagem da música do Milton há uns anos e no final de 2024 ele e a Georgette [Vidor] me falaram que ia ser a minha música, que combinava muito comigo. E deu certo”, comemora Júlia.
Os bons resultados animam a jovem atleta, que nas horas vagas gosta de ir à praia e jogar altinha com o pai. “Um tempo atrás eu não entendia bem onde eu poderia chegar. Agora, quero poder me destacar nacional e internacionalmente e ir aos Jogos Olímpicos”, afirma.
Em outubro tem o Campeonato Mundial a ser disputado em Jacarta, na Indonésia. Pode ser que Julia já seja convocada para a Seleção Brasileira principal. Mas por enquanto, seu planejamento tem um objetivo mais imediato. “Não dá para ter certeza de que estarei no Mundial. Mas estou treinando forte, porque sei que minha próxima competição são os Jogos Pan-Americanos Júnior”, fala ela, referindo-se ao evento que vai acontecer em Assunção, no Paraguai, em agosto.
*Com Comitê Olímpico do Brasil