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07/07/2025

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Sylvia, ex-vítima de tráfico que “liberta” as mulheres de Chiclayo: Prevost me deu coragem

Abusada aos 11 anos, forçada à prostituição até os 25, a mulher foi ajudada pelas Pequenas Adoradoras. Desde então, colabora com as religiosas e sai às ruas, bares e discotecas, em busca de meninas vítimas de exploração e tráfico humano, para ajudá-las a fugir das redes criminosas e começar uma nova vida. Ela trabalhou com dom Prevost, hoje Papa Leão XIV, na Comissão Antitráfico de Pessoas: “Para mim, ele é um padrecito. Ele me dizia: ‘Você é uma mulher corajosa. Continue, faremos o bem’.”

Salvatore Cernuzio – Chiclayo, Perù

“Fui estuprada aos 11 anos. Até os 25 anos fui vítima de tráfico de pessoas…”

Sylvia certamente não queria essa vida, mas dessa vida, desfigurada pelos dramas do abuso sexual e da prostituição forçada, ela conseguiu encontrar coragem, força e até mesmo traços de alegria graças ao trabalho que realiza, junto com algumas religiosas, para evitar que outras mulheres sofram o que ela sofreu por mais de 15 anos. “Silvita, você é valente!”, repetia o então bispo de Chiclayo, dom Robert Francis Prevost, hoje Papa Leão XIV, a essa mulher de 52 anos, com pouco mais de 1 metro e 40 de altura e um olhar brilhante. Ela tem uma voz rouca e mãos pequenas. Uma mulher bonita e digna, ansiosa em trocar as roupas que usa em casa por algo mais elegante “para a entrevista com o Vaticano”.

Nas ruas para ajudar mulheres e meninas

Sylvia Teodolinda Vázquez (seu nome completo) quase sente medo ao abrir a porta de sua casa em Pomalca, um bairro na periferia de Chiclayo. Uma das muitas casas simples, com vista para ruas de terra batida, atravessadas por mototáxis e adolescentes em bicicletas. Nas paredes alaranjadas da casa da mulher, há uma placa anunciando a venda diária de cerveja gelada. É a atividade com a qual ela obtém a renda mínima para viver e pagar a faculdade do filho de 18 anos: “Quero que ele estude, que construa sua própria vida”, diz ela, apresentando o rapaz. O verdadeiro trabalho de Sylvia, no entanto, é outro: ir três vezes por mês, à noite, a pubs, discotecas, ruas e clubes, junto com as Irmãs Adoradoras, e recolher mulheres e meninas, peruanas, mas especialmente migrantes venezuelanas, equatorianas e colombianas, presas na rede de tráfico de pessoas, mantida por traficantes locais ou de países vizinhos. Ela as ajuda a mudar de vida ou, às vezes, se vê tendo que convencê-las a mudar, já que muitas “escolhem” seguir o caminho do dinheiro fácil em detrimento de seus próprios corpos “porque são mães” e não sabem como seguir em frente.

A Casa-abrigo das Irmãs para aprender uma “nova vida”

Sylvia sabe o que significa viver numa armadilha. Ela viveu isso em primeira mão quando criança e, durante anos, vivia jogada entre Lima, Piura, Trujillo e Olmos, explorada sexualmente em bares e lugares semelhantes a “bordéis”, privada de seus documentos, ameaçada de represálias contra sua família e, mais tarde, contra sua filha recém-nascida, caso tentasse fugir ou denunciar. Ela tinha 22 anos quando, num bar no bairro de Las Mercedes, uma religiosa de hábito se aproximou dela: Irmã Dora Fonseca. Graças a ela e a outras hermanitas, Sylvia saiu do círculo, encontrou roupas limpas, um teto e um trabalho. As religiosas a levaram para a Casa, um abrigo construído em conjunto com a Família Vicentina e a Cáritas, por onde passaram mais de 5 mil pessoas ao longo dos anos. Lá, as “trabajadoras sexuales” são introduzidas ao estudo de cosmetologia, costura, informática, confeitaria e artesanato, para que possam aprender uma profissão e abandonar o que são obrigadas a exercer. As meninas recebem apoio para obter documentos, para trâmites burocráticos, para regularizar seu status imigratório, assistência médica e roupas para os filhos.

O compromisso do bispo Prevost no combate ao tráfico

Desde que Sylvia conheceu as religiosas nunca se afastou delas. Levou anos para se libertar do tráfico humano e do medo, mas conseguiu. Ela frequenta o abrigo em Chiclayo “de segunda a sexta, das 15h às 18h. As Pequenas Adoradoras dão aulas e eu dou palestras”, conta. Seu trabalho é o de promotora da saúde para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. O serviço dela e das religiosas se configura há anos na missão mais ampla da Comissão de Mobilidade Humana e Tráfico de Pessoas, uma organização nascida na Diocese de Chiclayo por iniciativa do “padrecito”, do “monseñor”, o Prevost, em suma, que dois anos após sua chegada à cidade do norte do Peru, em 2017, imediatamente se mostrou atento ao trabalho realizado pelas Hermanitas, preocupado com o aumento do tráfico sexual na cidade devido ao fluxo massivo de migrantes venezuelanos. Ele sabia sobre as religiosas, sabia sobre a casa, nos ligou para pedir ajuda e participar da Comissão de Mobilidade Humana. Entregamos a ele relatórios mensais sobre o nosso trabalho. Ele ajudava. Ele ajudava até essas meninas a fazerem as no supermercado.

Ouvindo as mulheres

Não só isso: o então dom Prevost celebrava missas ou organizava retiros com as mulheres “T.S.” (sigla para “trabajadoras sexuales”) “para ouvi-las, estar próximo a delas, dar-lhes uma palavra, incentivá-las a abrir negócios e lojas para se sustentarem”. Sylvia se emociona ao compartilhar essas memórias, sentada em sua varanda, tendo como pano de fundo o cantar dos canarinhos, a correria dos coelhos e o miado de um gato ali deitado. “Papa León”, suspira, “sempre foi muito gentil comigo, me respeita muito. Me deu conselhos. Conversei com ele muitas vezes”.

“Que Deus o proteja sempre”

“Com licença”, repete a mulher várias vezes. Ela pede um tempo porque seu olhar recai sobre algo que precisa ser arrumado: as roupas molhadas penduradas no varal ou os brinquedos deixados por Silvio, seu sobrinho de 8 anos. “Ah, aquele”, diz ela, lembrando-se da noite de 8 de maio, quando ela, como bilhões de outras pessoas no mundo, assistia à TV esperando o novo Papa e o menino jogou um “trompo” (um pião) diretamente na tela. Um buraco e a TV desligou no Habemus Papam. “Esperei e esperei e não consegui vê-lo. Então me disseram: ‘O padre Roberto!’. Fiquei comovida! Corri gritando para a vizinha, ela não acreditava que eu o conhecia. Mostrei as fotos no meu celular. Padre Roberto! Eu não sabia que o estavam escolhendo em Roma. Rezei para que Deus o ilumine e lhe dê vida e saúde onde quer que esteja.” Ao Papa León, “uma pessoa boa, uma pessoa generosa”, Sylvia envia um abraço. “Oh, que Deus o abençoe sempre!”, diz ela, colocando a mão sobre o coração. É o ponto onde guarda as palavras que o atual Pontífice lhe disse certa vez: “Eu te abençoo pelo que você faz por essas meninas, eu sei que é muito difícil para você”. “Ele me repetiu: Silvita, você é uma mulher maravilhosa e corajosa. Continue assim, juntos faremos o bem”.

A história de Sylvia foi retirada do documentário “León de Perú”, uma produção do Dicastério para a Comunicação, disponível a partir de 20 de junho no canal YouTube do Vatican News em espanhol, inglês e italiano.



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